Controle rigoroso da movimentação do aço – Leonardo Almeida Zenóbio
Controle rigoroso da movimentação do aço – Leonardo Almeida Zenóbio
Siderurgia Brasil — Edição 74
O diretor de Planejamento e Logística da Usiminas, Leonardo Almeida Zenóbio, explica o funcionamento da logística de movimentação da empresa em entrevista exclusiva concedida à revista Siderurgia Brasil.
Siderurgia Brasil – Quando o aço termina o seu ciclo de produção, como ele é controlado ao chegar a área de estoque. Por código de barras, algum outro tipo de marcação, etiquetas, etc?
Leonardo Almeida Zenóbio – Todos os produtos da Usiminas são identificados por um número próprio. O controle é feito por código de barras nos produtos, que são estocados em áreas mapeadas de acordo com critérios de empilhamento específicos, facilitando a gestão e o rastreamento, minimizando e agilizando assim as movimentações internas.
SB – Normalmente, quanto tempo uma bobina ou um feixe de chapas, tarugos, vigas etc. permanecem na área de expedição?
Zenóbio – Toda a produção Usiminas obedece prazos estabelecidos com base no leadtime de produção e expedição, tendo como premissa o prazo em que o cliente deseja receber o produto. A Usiminas trabalha com diferentes modalidades de entrega: just-in-time, entrega programada e decendial. O tempo que o produto permanece na área de expedição varia de acordo com a modalidade específica de determinado cliente. Nos casos de entrega direta, os produtos ficam em média 48 horas para serem despachados, podendo ser menor, de acordo com a situação crítica ou a urgência de entrega. Para os casos de entrega programada ou JIT, os produtos são direcionados para os centros de distribuição para aguardar o prazo de entrega e a chamada para o cliente.
SB – Para retirar o aço do estoque há algum tipo de processo, como é a gestão deste processo?
Zenóbio – A Usiminas conta com Centros Integrados de Operações (CIO) capazes de mapear todo o processo das usinas, incluindo o processo de despacho e gerindo os estoques em processo e de produtos acabados. Eles funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e são peças fundamentais no processo de gestão da Usiminas. Especificamente para o processo de despacho, no CIO são envolvidas matricialmente as equipes de programação de despacho, movimentação interna (operação) e distribuição de vagões e caminhões (logística), buscando a convergência dessas ações para torná-lo mais ágil, mais produtivo e o mais econômico possível.
SB – Quais os equipamentos comumente utilizados para a movimentação do aço?
Zenóbio – Nas áreas de embarque das usinas e nos centros de distribuição, contamos com pontes rolantes e pórticos para a execução do embarque ferroviário ou rodoviário. Esses equipamentos são equipados com tenazes (para carregar bobinas) ou eletroímãs ou garras (para carregar chapas).
SB – Como é decidido se ele sai por caminhão, trem ou outro meio?
Zenóbio – O modal de transporte é definido de acordo com os seguintes parâmetros: necessidade ou localização do cliente, custo, tipo de produto (dimensão e peso, entre outras características), tipo de entrega (JIT, EP ou decendial) e ocupação dos centros de distribuição (visão estratégica da cadeia).
SB – Como é feita a escolha da empresa que vai transportar o aço. Isso é uma prerrogativa do cliente? Existe algum critério específico na usina?
Zenóbio – A Usiminas busca fortalecer as suas parcerias com empresas transportadoras que se identificam com seus valores. Hoje as transportadoras são escolhidas de acordo com os requisitos de segurança, qualidade e competitividade no processo de transporte, por critérios específicos, como forma de elencarmos as melhores empresas prestadoras de serviço. Contamos com avaliações mensais, buscando o monitoramento contínuo do nível de serviço prestado. Mesmo assim, quando o cliente demanda uma transportadora específica, nós o atendemos de acordo com seus anseios.
SB – Como é feito o acompanhamento do produto até a sua chegada ao consumidor?
Zenóbio – Hoje contamos com uma interface do sistema Usiminas e uma empresa de monitoramento capaz de acompanhar a carga até o cliente. Caso ocorra algum desvio ou qualquer outro problema na rota, a Usiminas é acionada automaticamente, juntamente com os órgãos responsáveis.
SB – Para evitar os casos de furtos e roubos, há algum tipo de monitoramento especial?
Zenóbio – A Usiminas possui parcerias com uma gerenciadora de risco que, após o produto embarcado, fica responsável pelo monitoramento, via satélite e/ou postos avançados, garantindo a entrega ao cliente, com segurança e qualidade, mitigando e controlando todos os riscos, buscando inibir preventivamente possíveis ações.
SB – Qual é o percentual médio deste acontecimento (furtos ou roubos) em um ano? Em tonelagem quanto isso significa?
Zenóbio – Infelizmente, os casos de sinistro ainda acontecem. Apesar de todos os controles e do gerenciamento de riscos, cargas siderúrgicas ainda são visadas em todo o Brasil. Em 2011, foram dezoito casos em cinco meses na Usiminas, totalizando cerca de 540 toneladas. Esses casos representam cerca de 0,02% do total movimentado.
SB – E para os processos de exportação, como é o ciclo?
Zenóbio – Hoje, a Usiminas conta com dois terminais portuários localizados em Cubatão (SP) (TMPC – Terminal Marítimo Privativo de Cubatão) e em Vitória (ES) (TPS – Terminal Privativo e de Uso Misto de Praia Mole). O primeiro atende basicamente o fluxo de siderúrgico da Usina de Cubatão, e o segundo atende o fluxo siderúrgico da Usina de Ipatinga. O TMPC é um porto privado de uso misto, que oferece excelentes condições para despacho e recebimento de cargas. Está localizado estrategicamente em conexão rodoviária e ferroviária com os maiores centros produtores e consumidores do Brasil. O TPS é um terminal privado de uso misto em conjunto entre a Usiminas, Gerdau e ArcelorMittal, responsável pela exportação de produtos siderúrgicos, entre outros, e recebimento de algumas matérias-primas da usina de Ipatinga, com acesso a estrada de ferro Vitória-Minas.
SB – E com respeito à qualidade, quando e como são emitidos os certificados de origem?
Zenóbio – A Usiminas emite um certificado de qualidade do produto contendo todos os dados que comprovam a qualidade e o atendimento às necessidades técnicas do cliente. Este certificado contém desde os dados da composição química do produto, propriedades mecânicas e resultados dos ensaios realizados. Este certificado é assinado pelo responsável da garantia da qualidade da planta.
SB – Há alguma auditoria ou controle que acompanha este processo?
Zenóbio – Sim. A Usiminas possui um plano de auditorias internas que acompanham todos os processos envolvidos na produção do aço, desde a área de vendas e de planejamento até a logística de distribuição e armazenamento. Além das auditorias internas, a Usiminas possui um plano de auditorias externas, como a manutenção do monitoramento das ISO 9001, ISO/TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001.
SB – Caso haja algum problema de qualidade, lá no momento do uso, existe um sistema na usina que consegue rapidamente identificar a questão?
Zenóbio – As usinas possuem uma equipe de assistência técnica que realiza visitas periódicas aos clientes e pode ser acionada quando ocorre algum problema de qualidade com os produtos Usiminas. Através do código do produto, esta equipe monitora todos os parâmetros envolvidos na produção daquele produto para buscar e resolver os problemas. Contamos também com laboratórios e um desenvolvido Centro de Pesquisa, que é utilizado para resolver problemas mais complexos, garantindo sempre a qualidade dos produtos Usiminas.
www.usiminas.com
A logística da ArcelorMittal Tubarão – Alexandre Rosado Barbosa
A logística da ArcelorMittal Tubarão – Alexandre Rosado Barbosa
Siderurgia Brasil — Edição 74
Em entrevista à revista Siderurgia Brasil, o gerente de logística de produtos da ArcelorMittal Tubarão, Alexandre Rosado Barbosa, explica a importância da logística para o bom desempenho e as ações da empresa nessa área.
Siderurgia Brasil – Qual é o papel da logística de movimentação de materiais no desempenho geral da ArcelorMittal Tubarão?
Alexandre Rosado Barbosa – A logística tem um papel importante na diferenciação do serviço. O que no passado significava a entrega dos produtos aos clientes no prazo, hoje significa agregar valor através de um atendimento diferenciado, seja na qualidade, no custo competitivo, no transporte com segurança e no prazo acordado, sem deixar de considerar a gestão de ativos e de imobilizado. Para isso, é fundamental a atuação da logística alinhada com as necessidades dos clientes de forma a buscar continuamente soluções inovadoras.
SB – Quais têm sido os desafios enfrentados pela ArcelorMittal Tubarão nessa área?
Barbosa – O principal desafio é o de buscar alternativas de distribuição logística para o mercado nacional, já que as condições restritivas na infraestrutura disponível no país, em todos os modais de transporte, exigem soluções muitas vezes customizadas por região.
SB – Quais são os projetos e investimentos realizados pela ArcelorMittal Tubarão em infraestrutura e processos de logística de movimentação de materiais nos últimos anos?
Barbosa – Em função da localização estratégica privilegiada perto do mar, nos últimos anos a ArcelorMittal Tubarão tem focado no desenvolvimento do transporte marítimo por cabotagem. Foi implementado, em conjunto com empresas parceiras, o sistema de abastecimento de produtos para a ArcelorMittal Vega – um departamento de Tubarão localizada em São Francisco do Sul (SC) –, via barcaças oceânicas, onde se investiu na construção de um terminal marítimo dedicado a suportar esta distribuição e garantir atracação das embarcações no Sul. Este fluxo de transporte por cabotagem também é utilizado para realizar o atendimento aos clientes da região Sul do país.
SB – A empresa pretende implementar novos projetos nessa área no curto e médio prazos?
Barbosa – A estratégia de logística da ArcelorMittal Tubarão é ampliar a utilização do modal cabotagem e para isso é necessário estudar, tanto a capacidade de transporte, como a capacidade dos terminais. E para melhor atender clientes mais distantes, também estamos ampliando o nosso centro de distribuição em Caxias do Sul (RS).
www.arcelormittal.com.br
O peso da logística na siderurgia
Siderurgia Brasil — Edição 74
Na indústria siderúrgica, a obtenção de bons resultados depende da eficiência das operações de transporte em toda a cadeia, desde a jazida de minério até o usuário final do aço.
Em um mercado tão competitivo como é hoje o mercado mundial de produtos siderúrgicos, as empresas não podem descuidar de nenhuma das etapas de suas cadeias produtivas. Na indústria siderúrgica, a logística de movimentação de materiais sempre foi um fator fundamental para garantir bons resultados – e agora é mais ainda. Seja entre a mina e a usina ou entre a usina e o porto ou o cliente final, o transporte precisa ser feito com a máxima eficiência e o mínimo custo possível, o que exige uma perfeita combinação de equipamentos modernos com sistemas de gerenciamento avançados.
Na indústria siderúrgica brasileira, a logística sempre foi tratado com total profissionalismo. As siderúrgicas nacionais investem continuamente para manter seus sistemas de movimentação de materiais dentro e fora das usinas constantemente “lubrificados”, através da contínua renovação de seus equipamentos e de seus sistemas de gestão. Para isso, contam com fornecedores de produtos e serviços de primeira linha, que utilizam tecnologias desenvolvidas dentro e fora do país. E, cada vez mais, novas empresas estrangeiras se mostram dispostas e entrar nesse mercado, que deve acompanhar o crescimento do setor no Brasil que, como bem se sabe, tem diversos novos projetos de investimentos sendo implementados ou ainda nas gavetas, à espera do momento certo.
Nesta edição, alguma dessas empresas – usinas ou fornecedoras de produtos e serviços – revelam suas estratégias para manter a eficiência de seus sistemas ou crescer dentro de um mercado tão exigente como tem sido a indústria siderúrgica brasileira
30º Seminário da ABM
A SEQTRA participou do 30º seminário promovido pela ABM que este ano aconteceu em Vitíoria/ ES entre os dias 14 e 17 de junho. O tema central do evento foio “NOVO CICLO DE CRESCIMENTO E SEUS IMPACTOS NA LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS, TRANSPORTES, PCP E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: uma visão das operações logísticas em âmbito local e global”. O evento promoveu o encontro de empresários do setor para debate de temas ligados à logistica no setor de siderurgia.
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