SUSTENTABILIDADE E GOVERNANÇA CORPORATIVA
Este conteúdo tem sua base no artigo apresentado no Sixth Annual Colloquium of the European Academy of Business in Society (EABIS), 20 – 21 de setembro, 2007, em Barcelona, Spain.
Objetivo
A finalidade desse estudo foi compreender as tendências de adequação da função de governança corporativa ao movimento da sustentabilidade e desenvolver um instrumento que permita às organizações avaliarem esse nível de adequação em suas realidades.
Metodologia
Esse estudo foi baseado em três tarefas básicas, tendo as duas primeiras constituído insumos fundamentais para seu objetivo principal:
1° A revisão da literatura sobre governança corporativa e o papel das empresas na sociedade.
2° Análise de documentos de referência no campo da governança corporativa e sustentabilidade, com um interesse específico em documentos com algum nível de discussão sobre como esses temas se relacionam entre si.
3° Elaboração do Instrumento de Avaliação da Sustentabilidade e Governança Corporativa (IASGC).
Na primeira etapa, fizemos uma pesquisa da bibliografia que tratava da função de governança corporativa, e, também, da sua relação com a sustentabilidade.
A fase de análise de documentos de referência consistiu no estudo das tendências dos modelos de governança corporativa em face dos desafios da sustentabilidade, baseados na verificação dos principais documentos cujas propostas de melhoria da gestão de negócios estão na interface entre governança corporativa e desenvolvimento sustentável.
O objetivo dessa etapa foi identificar os níveis de sofisticação da governança corporativa em relação aos novos desafios de gestão, acima de tudo a mudança de mentalidade e de horizontes estratégicos que fomentam a construção do desenvolvimento sustentável, proporcionando, assim, a entrada para a fase seguinte.
O Modelo de Governança Corporativa de Empresas Brasileiras (CAMPOS, 2005) ofereceu a estrutura de apoio para a nossa análise de acordo com quatro dimensões: Alinhamento, Conformidades, Estruturas e Processos.
Posteriormente, dedicamo-nos à confecção de uma ferramenta de avaliação da governança corporativa em linha com a sustentabilidade.
Desenvolvimento
Sustentabilidade e governança corporativa estão entre os temas mais importantes debatidos no mundo corporativo hoje em dia. Enquanto a sustentabilidade tornou-se um conceito bastante difundido, referindo-se à preocupação com o meio ambiente e aspectos sociais da criação de riqueza e para o debate em torno do papel das empresas no desenvolvimento sustentável, seu aspecto de longo prazo encontra-se alinhado com a essência da proposta de governança corporativa, que é o de garantir a longevidade e sucesso contínuo da empresa.
Nas últimas duas décadas, a governança corporativa ganhou inquestionável importância com os diferentes aspectos do conceito aplicados ao mercado. No sentido estrito do termo, governança corporativa responde aos potenciais conflitos de interesse entre os acionistas – os proprietários – e os agentes diretamente envolvidos nas operações das empresas – os gerentes ou controladores (TRICKER, 2000; CARLSSON, 2001), e, em um sentido mais amplo, inclui um conjunto mais abrangente de relações de uma sociedade comercial com todos os agentes direta ou indiretamente afetados pelas ações da empresa (TRICKER, 2000). O assunto envolve questões como as funções e responsabilidades do conselho de diretores da empresa e de seus altos executivos, os conflitos de interesse, o tratamento dos acionistas minoritários, transparência, responsabilização, alinhamento estratégico, entre outras questões.
Essa ideia foi enfatizada por investidores institucionais que se tornam mais pró-ativos, atuando como mecanismo de controle externo – como CalPers’ Global Corporate Governance Principles (TRICKER, 2000). Os escândalos corporativos ocorridos na Ásia, EUA e Europa catalisaram o movimento de mudanças da lei e da criação de códigos de governança corporativa objetivando o alinhamento do comportamento dos executivos aos interesses dos acionistas – como a Lei Sarbanes-Oxley, o Relatório de Higgs e os Princípios de Governança Corporativa.
No entanto, quando um conjunto mais amplo de partes interessadas é analisado do ponto de vista da redução de risco, através de demandas dos investidores, poderia haver a subordinação dos interesses da primeira para as desse último. Isso pode até mesmo trazer uma distorção na percepção de risco da empresa, levando, por sua vez, a um atraso na tomada de decisão, que poderia antecipar ações e evitar os riscos potenciais.
O que tem sido necessário é um sistema de gestão que possa antecipar não só riscos, mas mudanças no ambiente de negócios, e estar preparado para responder a isso. O desafio é a transição de um modelo de administração tradicional, centrado no acionista, para um modelo focado no equilíbrio com todos os participantes afetados pelas atividades das empresas – as partes interessadas ou stakeholders -, tendo a sustentabilidade como seu epicentro.
No entanto, o que deveria ser a base para esse novo modelo?
Nosso exercício incidiu sobre a sistematização de um quadro com parâmetros para a evolução das práticas de governança corporativa compatíveis com o novo desafio de gestão, e seu uso como um subsídio para o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliação da governança corporativa em linha com a sustentabilidade. A ferramenta é de uso público e destina-se às empresas que procuram melhorar as suas capacidades de gestão incorporando os princípios do desenvolvimento sustentável em suas estruturas e práticas, criando, assim, condições mais sólidas para um desempenho mais consistente nessa área. Os principais objetivos do Instrumento de Avaliação da Sustentabilidade e Governança Corporativa (IASGC) são:
- Identificar e sintetizar os parâmetros para a evolução das práticas de governança corporativa de uma maneira compatível com os novos desafios de gestão associados à concorrência em uma sociedade global que visa à criação de riqueza de forma sustentável.
- Ajudar as empresas a realizar autoavaliação e definir uma posição que determine se suas práticas estão adequadas a um tipo de gestão coerente com o desenvolvimento sustentável.
O instrumento de avaliação foi projetado para ser adaptável a diferentes realidades e não é destinado a um tipo específico de modelo de governança ou setor. Para a sua confecção foram analisados os seguintes documentos:
- ABNT NBR 16001 – esta norma tem o objetivo de oferecer às empresas um sistema de gestão da responsabilidade social eficaz e passível de integração com outros requisitos de gestão (ABNT, 2004). Desta maneira, pretende auxiliar as empresas a perseguirem seus objetivos relacionados às áreas ambiental, econômica e social, permitindo a formulação e implementação de políticas e objetivos que considerem, além dos objetivos legais, seus compromissos éticos e a promoção da cidadania, transparência e desenvolvimento sustentável.
- AccountAbility 1000 – define-se como uma “norma de accountability, com foco em assegurar a qualidade da contabilidade, auditoria e relato social e ético” (AA1000, 1999). É um padrão básico de gestão interna da responsabilidade social com enfoque nas partes interessadas e engloba o processo de levantamentos de informações, auditoria e relato social e ético.
- Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa – lançado em 1999 pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, o Código reúne recomendações sobre as práticas de governança corporativa no Brasil, em sintonia com as mudanças no meio empresarial, legislativo e regulatório.
- Corporate Governance Quotient (CGQ) – o Institutional Shareholder Services (ISS), que fornece soluções relacionadas a recomendações de voto (proxy voting) e governança corporativa, criou o CQG em 2002, para ser utilizado como ferramenta de monitoramento e avaliação das estruturas de governança das principais empresas americanas com ações listadas na bolsa de valores (INSTITUTIONAL SHAREHOLDER SERVICES, 2005).
- Corporate Sustainability Assessment Questionnaire 2005 – Dow Jones Sustainability Index (DJSI) – O DJSI foi criado para identificar e monitorar a performance das 10% primeiras empresas do Dow Jones Global Index, que são líderes em sustentabilidade corporativa, definida como o enfoque empresarial que objetiva “criar valor de longo prazo para o acionista, aproveitando oportunidades e gerindo riscos provenientes dos desenvolvimentos econômico, ambiental e social”.
- European Corporate Governance Services (ECGS) – a ECGS é uma parceria entre grupos europeus líderes em recomendação e pesquisa na área de governança corporativa, com experiência no trabalho com investidores institucionais em questões de governança e responsabilidade. Parte da premissa de que a governança corporativa vem sendo mais e mais reconhecida como fator importante para o desempenho da empresa, sendo de interesse do investidor que as estruturas de governança garantam a prestação de contas de gerentes a acionistas, a criação de valor e práticas de negócios responsáveis (EUROPEAN CORPORATE GOVERNANCE SERVICES, 2006).
- Global Reporting Initiative (GRI) – Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade: G3 versão para comentário público – propõe diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, ou seja, a prestação de contas acerca dos impactos econômicos, sociais e ambientais das atividades corporativas, buscando uma padronização que garanta a qualidade e permita a comparabilidade de relatórios (GLOBAL REPORTING INITIATIVE, 2006).
- Governance Metrics International (GMI) – criada em 2000, é a primeira agência de rating de governança corporativa global. Assim como na ECGS, a preocupação com as práticas de governança surge num contexto de monitoramento de risco a investimentos. A premissa, similarmente ao ECGS, é que as empresas que enfatizam governança corporativa e transparência irão gerar retornos e desempenho econômico maiores ao longo do tempo e reduzir seu custo de capital.
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – lançado em 2005 pela Bolsa de São Paulo (Bovespa), o ISE surge a partir da revisão de literatura sobre critérios e indicadores de sustentabilidade e da análise das diretrizes para balanço social do IBASE, do Instituto Ethos e do GRI, além dos questionários aplicados para os índices DJSI, FTSE4 Good e da JSE, e da contribuição de diversos especialistas (BOVESPA, 2005). Tem como principal objetivo criar um ambiente de investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade e estimular a responsabilidade e ética das corporações.
- Sarbanes-Oxley Act de 2002 – surgiu como uma resposta do governo americano aos escândalos que fragilizaram a confiança do investidor nos EUA e Europa. A nova lei, assinada em julho de 2002, tem impacto na governança corporativa e na divulgação de informações financeiras e se aplica às empresas americanas e às firmas de auditoria, aos auditores e advogados que servem às empresas (UNITED STATES PUBLICLAWS, 2002). A SOX se aplica também às empresas estrangeiras com listagem secundária na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O objetivo da SOX é “proteger os investidores através da melhoria da exatidão e confiabilidade das divulgações corporativas feitas conforme as leis de títulos e valores imobiliários, e para outros propósitos”.
- 21000 – Sustainable Development – Corporate Sustainability: Guide for taking into account the stakes of sustainable development in enterprise management and strategies – a SD 21000 foi editada pela AFNOR (Instituto Francês de Normalização) em 2003, com o objetivo de ajudar gerentes e tomadores de decisão de empresas grandes ou pequenas, públicas e privadas de qualquer setor, em sua “reflexão inicial para a consideração do princípio do desenvolvimento sustentável ao estabelecer suas políticas e estratégias”. (AFNOR, 2003). Propõe recomendações para a ajuda na adaptação do sistema de gestão, no sentido de que este progressivamente integre os objetivos do desenvolvimento sustentável na empresa.
Os resultados das análises desses documentos enfatizaram os princípios de transparência, equidade e prestação de contas, abordando diferentes aspectos relacionados a:
- Estrutura de capital (acionistas direitos, proteção aos acionistas minoritários).
- Estrutura e composição do Conselho de Administração (CA).
- Documentos de poder e responsabilidades do Conselho de Administração (CA), CEO e Diretoria Executiva (DE).
- Lucro (CA, CEO e DE).
- O papel das partes interessadas nos processos da governança corporativa.
- Gestão de desempenho ambiental, social e ética.
- Estruturas e processos que lidam com questões ambientais, sociais e éticas.
- Relatório Annual.
- Auditoria Independente.
- O cumprimento dos códigos de ética.
- Existência e procedimentos de Comitês.
- Conflitos de interesse.
- Compromisso do Conselho de Administração (CA).
- Política de Responsabilidade, integridade e transparência.
- Qualificação e formação de diretores.
A partir das questões levantadas pelos documentos de referência, foi desenvolvido o conteúdo para o instrumento. Na sua estruturação, utilizamos o “pensamento biossistêmico”; aplicado ao presente estudo, o biograma assumiu a forma de círculos concêntricos, os quais indicaram os níveis de organização a partir do núcleo interno para o círculo mais externo de acordo com a seguinte sequência: Acionistas, Conselho de Administração, Comitês, Diretoria Executiva, CEO, Organização, Mercado, Sociedade e Planeta. Então, emergiu um questionário de avaliação com 86 questões.
Nesse trabalho, também utilizamos o procedimento de pesquisa-ação, como já comentado, uma maneira de desenvolver conhecimento através da aplicação direta dos conceitos para o contexto estudado, seguindo um ajuste conceitual resultante da experiência real. Esse tipo de abordagem permite o encontro de interesses comuns relacionados com a sistematização de conhecimento e com resultados práticos adequados à realidade dos elementos envolvidos. Empresas-membro do CRGRS bem como aquelas participantes do programa GRS aplicaram o Instrumento.
Operacionalização – Instrumento de Avaliação da Sustentabilidade e Governança Corporativa (IASGC)
Como já mencionado, o IASGC (ver Anexo B) foi estruturado para facilitar o procedimento de aferição de como as premissas da sustentabilidade estão internalizadas nos procedimentos de governança corporativa das organizações. Especificando os principais enfoques de cada uma das dimensões da sua estruturação, temos:
- Acionista – afere o nível de relacionamento e tratamento aos diferentes “portes” de acionistas.
- Conselho de Administração – afere o nível de organização e transparência do desempenho do Conselho, consideração das partes interessadas e responsabilidade sobre a internalização das políticas de sustentabilidade.
- Comitês – afere a existência e nível de organização e poder de comitês de sustentabilidade e auditoria.
- Diretoria Executiva – afere o nível de compromisso da alta administração com a gestão responsável para sustentabilidade.
- Organização – afere o nível de adequação da gestão à sustentabilidade, desde o estabelecimento de missão, políticas até indicadores, incluindo as considerações relacionadas ao público interno e demais partes interessadas.
- Mercado – afere o nível de desenvolvimento de práticas responsáveis de mercado, envolvendo agentes pertinentes tais como clientes, concorrência, fornecedores, terceirizados, novos produtos “limpos” ou voltados para a base da pirâmide social.
- Sociedade – afere o nível de inclusão de “minorias”, restrição a ilegalidades trabalhistas e contribuição ao desenvolvimento local.
- Planeta – afere o nível de envolvimento da alta administração, impactos e desempenho ambiental.
Para a utilização do instrumento, cada dimensão do biograma apresenta uma série de perguntas abordando itens, que devem ser avaliados dentro de uma escala que vai de 0 a 4, cuja gradação significa: 0 = não se aplica (o item não se aplica em função do porte da empresa ou de alguma outra razão); 1 = inexistente (não existe a intenção de se adequar ao item); 2 = existe a intenção de se adequar ao item; 3 = parcialmente adequado (falta sistematizar alguns processos); 4 = adequado (processos plenamente sistematizados). Essa escala mede a aplicabilidade da pergunta em relação à realidade da empresa e o nível de internalização do item avaliado.
Para o preenchimento, a seleção dos respondentes deve se adequar à realidade de cada organização, sendo recomendável o envolvimento das lideranças e das áreas especializadas em sustentabilidade e governança corporativa.
Como mencionado, o foco aqui foi identificar e destacar os aspectos da governança corporativa com interface crítica com a sustentabilidade e considerando um conjunto mais amplo de interessados, portanto, um ângulo diferente, mas complementar à ampla gama de ferramentas existentes especializadas em questões relacionadas com o acionista.
As empresas que não possuem um Conselho de Administração podem considerar seu nível mais alto de governança corporativa para a avaliação. Essa correspondência aplica-se a todos os níveis de governança, e a avaliação é feita com as reais condições da empresa.
Conclusão
A partir da análise geral dos principais tópicos a serem abordados para tornar a governança corporativa mais compatível com a sustentabilidade, podemos encontrar algumas questões de particular relevância para a sua capacidade de afetar outros componentes proporcionando um salto qualitativo, transformando todo o sistema de governança corporativa: adaptações dos perfis, educação, avaliação, recompensas e responsabilidades do Conselho de Administração (CA), CEO e Diretoria Executiva.
Esses aspectos tornam-se relevantes porque são motores importantes para ajudar a moldar a mentalidade predominante de negócios e gestão. E, por sua vez, eles promoverão outras práticas de gestão e escolhas, não explícitas neste artigo, mas cuja definição e alcance podem favorecer a antecipação da adaptação da empresa aos desafios sociais e ambientais, e que são abordados no sistema de governança corporativa: quais são os riscos e as oportunidades? Que mudanças no macroambiente e em quais aspectos de mercado são levados em consideração? Quais os assuntos e as partes interessadas são eleitos como relevantes para o negócio? Qual é o período de tempo do horizonte estratégico da empresa?
Portanto, a resposta a essas perguntas dependerá de como interpretar a amplitude de certas questões tradicionais de governança corporativa, que são portas de entrada para as questões relacionadas com a sustentabilidade e podem facilitar (ou dificultar, quando ignorado) a adequação da gestão para o desenvolvimento sustentável. Essas passagens, por sua vez, interferem na formulação mencionada e em outros elementos importantes na estrutura de governança e vice-versa, de uma forma dinâmica. A análise e a incorporação adequada das questões do “ambiente externo” precisam de um modelo estruturado com atores preparados para conduzi-las.
A definição das formas e profundidade das mudanças dependerá, em primeiro lugar, da maneira como a empresa vê o papel da sustentabilidade no negócio – principalmente como a empresa quer se posicionar no futuro, o que requer uma reflexão sobre o papel do negócio para a sustentabilidade –, da condição atual da empresa e da forma como percebe a governança como uma ferramenta de apoio na transição para a gestão da sustentabilidade. Tudo isso para assegurar compromisso e alinhamento interno (de visão, valores, princípios e estratégia), o alinhamento entre visão e gestão (papéis, responsabilidades), e entre as diversas atividades e operações da empresa.
A fim de lidar com essa transição e, principalmente, para apoiá-la, é importante refletir sobre o tipo de perfil de executivos e membros do conselho exigido antes de serem nomeados. Uma abordagem diferente é necessária para aspectos como conhecimento, capacidades, experiência e formação, de modo que esses atores possam estar mais bem preparados para entender – e reagir a – os desafios e expectativas quando se trata da contribuição da empresa para moldar mercados e sociedades mais sustentáveis, tanto em nível local como global.
Finalmente, podemos observar hoje um razoável conjunto de sugestões de práticas de governança corporativa alinhadas com a sustentabilidade e que estão disponíveis para as empresas. Esse estudo fornece análise e organização dos conteúdos de maior relevância que encontramos e promove a capacidade necessária para facilitar a mudança sistêmica da governança corporativa, em última análise, sob a forma de uma ferramenta de autoavaliação dessa função, sob a ótica da sustentabilidade.
Fonte: http://www.fdc.org.br/hotsites/mail/livro_sustentabilidade_poder/sustentabilidade-poder-e-funcoes-organizacionais/sustentabilidade-e-governanca-corporativa.html
BMW E SCHERM APRESENTAM CAMINHÃO ELÉTRICO URBANO PARA 40 TONELADAS
Parece que o veículo elétrico terá seu lugar ao Sol, como demonstra esse release do Gripo BBMW sobre um caminhão pesado que lembra um movimentador de Porto com sua meia cabina. Provavelmente deve ser para mover cargas ainda em percursos pequenos com seus motores de alto toque e rotas urbanas de baixa velocidade dentro de Munique, fazendo Kanban ou entrega programada na fábrica da BMW.
Leia abaixo partes do Release e pense no futuro…
Munique (Alemanha). O BMW Group e o grupo alemão de logística SCHERM estabeleceram uma parceria para a utilização de um caminhão de 40 toneladas cuja fonte de energia é puramente elétrica, o que faz do BMW Group o primeiro fabricante de automóveis da Alemanha a utilizar um veículo elétrico deste porte para transporte de equipamentos em vias públicas.
A inovadora tração do veículo, licenciado para utilização em vias públicas, será utilizada a partir do verão europeu ( Quando baterias mantém mais tempo a carga ) deste ano em Munique para o transporte de equipamentos usados nas operações do BMW Group, no sistema just-in-time, ao longo de pequenas distâncias. O caminhão elétrico trafegará entre o Grupo SCHERM e a fábrica do BMW Group em Munique oito vezes por dia, cobrindo uma distância de cerca de dois quilômetros em uma via de mão única.
Graças ao sistema de tração alternativo, o caminhão é silencioso e livre de emissões de dióxido de carbono (CO2) em trânsito. Se comparado a um caminhão convencional com motor a diesel, o veículo gerará 11,8 toneladas de dióxido de carbono (CO2) a menos por ano – o equivalente a um BMW 320d circulando por quase três vezes em torno do planeta Terra. (isto contando com geração de energia limpa na origem e não termelétrica u nuclear.)
“Há apenas dois anos, nossa submarca BMW i contribuiu mais ainda para o debate sobre mobilidade urbana na sociedade. O uso deste caminhão elétrico em nossas operações sinaliza que estamos trabalhando constantemente em soluções inovadoras e também contemplando desafios logísticos”, afirmou Hermann Bohrer, diretor da fábrica do BMW Group em Munique. “Estamos muito motivados em cooperar com o grupo SCHERM”, complementou o executivo.
O BMW Group e o Grupo SCHERM estão investindo uma quantia de seis dígitos neste projeto piloto, que inicialmente durará um ano. Caso o veículo atenda as expectativas operacionais cotidianas, a extensão da parceria será avaliada.
“Após uma longa pesquisa, encontramos nessa uma solução elétrica viável no setor de transportes”, afirmou Rainer Zoellner, gerente para projetos de “e-caminhões” do Grupo SCHERM. “Temos certeza de que ganharemos uma valiosa experiência com o BMW Group a partir deste projeto piloto”, concluiu.
Fonte: http://maharpress.blogspot.com.br/2015/03/bmw-e-scherm-apresentam-caminhao.html
Campanha por Fesinvestimento em Combustíveis Fósseis Ganha Apoio das Nações Unidas
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) aderiu às mobilizações globais pelo desinvestimento em combustíveis fósseis. De acordo com o jornal britânico The Guardian, a UNFCCC afirmou estar emprestando a sua “autoridade moral” para a campanha de desinvestimento porque compartilha da ambição por um acordo forte para combater o aquecimento global na Conferência do Clima de Paris, em dezembro.
A campanha pelo desinvestimento cobra de governos, empresas e instituições a retirada de recursos de combustíveis fósseis. Os ativistas argumentam que o investimento no setor é um perigo tanto para o clima quanto para o capital dos investidores.
Em 15 de fevereiro, a ação no chamado “Dia Mundial do Desinvestimento” contou com manifestações em países como Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Vietnã, Austrália, Nova Zelândia e Noruega. Os responsáveis pela mobilização são os membros da 350.org, organização que atua pela diminuição das mudanças climáticas e seus impactos. De acordo com a 350.org, a campanha de desinvestimento está em mais de 60 países. O Brasil não está entre eles.
O porta-voz da UNFCCC, Nick Nuttall, falou ao Observatório do Clima sobre a importância da campanha. “Na verdade, a ciência é clara: é preciso encontrar o equilíbrio de como podemos gerar, produzir e utilizar energia, a fim de ter mais energia limpa e eficiência energética e menos combustíveis fósseis, especialmente o carvão.”
Ele afirma que a campanha não é a única resposta, ou o que chamou de “bala de prata”, mas parte da compreensão de que medidas urgentes são necessárias para evitar consequências ainda mais trágicas das mudanças climáticas.
Após os atos de 15 de fevereiro, a 350.org divulgou alguns resultados da campanha. De acordo com nota da equipe do Dia Mundial de Desinvestimento, em todo o mundo, mais de 200 cidades, universidades e instituições se comprometeram em desinvestir, retirando cerca de US$ 50 bilhões em recursos para os combustíveis fósseis.
Nuttall comemora a o desinvestimento e adesão por parte das instituições e governos de algumas cidades pelo mundo. “É um sinal de que podemos mover o mundo em direção a um futuro de baixo carbono, com cada vez menos queima de combustíveis fósseis.”
A campanha tem recebido respostas e críticas pontuais do setor que pode ser impactado com a diminuição de recursos. Ao Guardian, Benjamin Sporton, executivo-chefe da Associação Mundial do Carvão, argumentou que a demanda por carvão não vai desaparecer e que a campanha por desinvestimento preocupa. “O desinvestimento nos combustíveis fósseis – e em particular o carvão – vem com riscos significativos a outras dimensões econômicas e sociais não menos importantes, quando 1,3 bilhão de pessoas ainda estão sem acesso à eletricidade.” Ele defende o incentivo a tecnologias de carvão limpo.
Fonte: http://observatoriodoclima.eco.br/campanha-por-desinvestimento-em-combustiveis-fosseis-ganha-apoio-das-nacoes-unidas
Pirâmide do Consumo Sustentável
Ato de Consumir
Diversos são os impulsos que nos levam para o consumo. Desde o mais trivial para satisfazer nossas necessidades alimentares e de higiene, até os mais inconsequentes para satisfação do nosso ego que com frequência coloca em risco nosso orçamento e a nossa capacidade de poupança.
Em todos os casos estamos exigindo sempre mais do planeta, não só naquilo que a natureza nos prove mas também na sua capacidade de lidar com os resíduos desse consumo, muitas vezes descartado sem nenhum critério e controle. Ainda acreditamos no mito da grandiosidade da natureza que absorverá todos os nossos resíduos e efluentes, encarregando-se de degradá-los.
O mundo vem ganhando escala em tudo. O consumo cresceu numa razão bem superior ao aumento da população. O padrão de conforto e comodidade tem-se elevado constantemente. Aparentemente tudo isso é muito bom e deveria ou poderia ampliar-se sempre, mas sem pensar em limites caminhamos para um colapso socioambiental.
O que está em jogo é a capacidade do planeta continuar a atender esse padrão civilizatório. Não mais do que 30% da população mundial tem acesso as maravilhas do mundo moderno. E é exatamente essa parcela que exige cada vez mais dos bens e serviços que a natureza oferece. Não se da conta de que já está pagando a conta, e de maneira indireta pagam também aqueles que estão fora desse processo, e todos os seres vivos sem distinção. Basta ver a crise de abastecimento de água e da oferta de energia, a poluição do ar e das águas, a contaminação dos solos e dos alimentos, e as mudanças climáticas.
Se queremos uma sociedade sustentável e por extensão uma planeta sustentável devemos rever nossos hábitos de consumo e nosso estilo de vida, para ontem. Não existe consumo sem fim e sem consequências num mundo de possibilidades materiais finitas. Temos que encarar a nossa realidade.
A Carta da Terra, documento da ONU publicado em 2000, diz no princípio II – Integridade Ecológica – que devemos reverter os atuais padrões de produção e consumo. Do lado da produção, utilizar menos materiais e energia, e que esses materiais sejam mais amigáveis com a natureza. Do outro lado Reduzir o consumo e o desperdício, Reutilizar e Reciclar, e só em último caso descartar, dispor em aterros sanitários.
Cidade de São Paulo e a Pirâmide do Consumo
A cidade de São Paulo acolhe 12 milhões de habitantes. Cada morador da cidade gera em média 1,5 kg de lixo (domiciliar) por dia, a maior parte segue para os aterros sanitários. Individualmente são 500 kg por ano, mais de 5 toneladas a cada dez anos. O lixo normalmente é constituído de matéria orgânica (sobras de alimentos em natura e cozidos) e embalagens. A densidade aparente do lixo é de 250 kg por metro cúbico. Por dia são gerados 18 mil toneladas de lixo.
Imaginemos a figura geométrica de uma pirâmide. Para definir as suas dimensões vamos tomar como referência dois ícones da cidade de São Paulo, o edifício Itália e a Praça da República, ambos no centro da cidade. Essa pirâmide teria a altura de 160 m, a mesma do Edifício Itália. Uma base retangular com uma área equivalente a Praça da República (50.000 m2). Essa pirâmide teria aproximadamente a dimensão original da maior pirâmide existente no Egito (Quéops).
Caso fosse possível construir um depósito monumental com estas dimensões para armazenar todo lixo gerado em São Paulo em apenas 40 dias (aprox. 700 mil toneladas) já estaria cheio. Durante um ano seriam necessárias 9 depósitos como este, onde seriam armazenados algo em torno de 6 milhões de toneladas de lixo.
Esses números são resultado do elevado padrão de consumo, agravado pelo baixo índice de aproveitamento para reciclagem de papelão, papel, plástico, vidro e metais – as latinhas de alumínio são uma exceção. E quase nada – dos resíduos orgânicos e sobras da cozinha – segue para a compostagem (composto orgânico).
Consumo Sustentável
A figura estabelece uma evolução hipotética do ato de consumo e seus desdobramentos. A pirâmide 1 é um retrato da situação atual – consumo exagerado, pouca atenção para o desperdício, pouca reutilização e falta de estrutura para a reciclagem, principalmente por parte da prefeitura e do setor privado. Partindo desse diagnóstico vamos pensar numa terapia para chegarmos a pirâmide 4. Para atingir esse objetivo torna-se premente reavaliarmos nossas necessidades diárias, diante do dilema – necessário x supérfluo.
Idealmente a pirâmide 4 reflete o comportamento de uma sociedade que conseguiu reduzir em muito o seu padrão de consumo, aprendeu a ser responsável e ter consciência diante dos seus atos. O design industrial evoluiu e não apresenta mais as armadilhas da obsolescência programada e/ou percebida (gatilhos do consumo) – a reutilização é uma realidade.
Nessa situação a reciclagem foi encarada de frente, tanto o gestor público quanto o setor privado estabeleceram parcerias para o aproveitamento dos resíduos – em boa parte nobres – promovem a redução da pressão sobre novas matérias prima, energia, água etc. Os catadores foram reconhecidos por todos, são capacitados e trabalham com dignidade. Os aterros sanitários ganham folego – sua vida útil aumentou e não precisam estar cada vez mais distantes dos centros geradores de resíduos.
Para concluir, mudar nossos hábitos de consumo não nos diminuí como pessoa nem como cidadão, muito pelo contrário, nos liberta dos modismos e dos atos compulsivos. Hoje temos plena consciência das nossas ações, pois não nos falta conhecimento e informação, e temos toda a tecnologia necessária ao nosso dispor. Podemos e devemos enfrentar com responsabilidade esse momento extremamente crítico, recuperar a nossa capacidade colaborativa e o nosso respeito pela natureza, e o mais importante, nos percebermos parte dela.
Link: https://ecosfera21.wordpress.com/2015/02/28/piramide-do-consumo-sutentavel
Notícias Recentes
- Balanças reativadas na BR-040 fiscalizaram mais de 1,3 milhão de veículos em 2016
- Brasil será castigado se não investir mais em logística e transporte, adverte Renan
- Senado aprova MP que libera verba ao BNDES e refinancia caminhoneiros
- Paraná e Rio de Janeiro aderem a isenção de pedágio para eixos suspensos
- Governo corta 40% do orçamento do Ministério dos Transportes